Lembra da primeira
coisa que você fez quando tinha acabado de nascer? Provavelmente não pensamos
nisso como algo tão obvio... Mas você saiu do corpo de sua mãe e pela primeira
vez respirou com as suas próprias narinas. Respirar sozinho, foi a porta de
entrada para se fazer autônomo diante da vida. Você se tornou independente (não completamente, claro), deixou de ter suas necessidades primordiais vindas da sua mãe. Sua respiração
foi o primeiro ato associado a não ter mais a sua vida sendo gerada em uma
grande zona de conforto. Você sentiu o ar entrando pelas suas narinas e
preenchendo seus pulmões. Seu corpo entendeu o recado como um
alarme, como um alerta: viver agora, meu amigo, é contigo. E isso, não deve ser
nada cômodo, ter que se responsabilizar pelo fluxo da vida em seu corpo,
sozinho, respirando com suas próprias narinas depois de morar nove meses sem
pagar aluguel no corpo de sua mãe, abastecendo seu corpo de tudo o que ele
necessitava pra se formar de forma completa e perfeita sem precisar fazer nada.
Se respirar está
associado ao nascimento de um ser, por que não trazer o primeiro texto desse
blog como o nosso primeiro suspiro?
Você já tentou ficar
um minuto sem ar? Se sim, percebeu as sensações que tomam conta de seu corpo,
sua mente e seu estado psicológico enquanto prende a sua respiração? Respirar é a
primeira coisa que fazemos ao nascer e a última que faremos até o último
segundo de vida, confere? É algo que você sempre fez, sempre vai fazer e que
está fazendo neste exato momento enquanto lê este texto cheio de perguntas.
Sim, acredite, você
está respirando neste exato instante e estará em todos os outros, independente
do que estiver fazendo. A não ser que você se proponha a prender a sua
respiração para tentar entender o que você poderia sentir caso o fizesse pela
primeira vez conscientemente.
E se você parasse por
um minuto no seu dia para se perceber respirando? Vendo o ar tocar as suas
narinas enquanto você inala e exala? Inspira e expira? Já parou pra pensar como
seria parar um minuto do seu dia para perceber a sua forma de respirar? Você
sabe dizer se sua respiração é rápida, superficial, profunda ou lenta? Já
percebeu os movimentos do seu corpo enquanto, naturalmente, você leva e tira o
ar dos seus pulmões? Já parou para pensar na possibilidade infinita de
sensações em seu corpo se você levar, por um minuto, sua atenção ao ato de
respirar? Você sabe dizer quantos segundos duram a sua inalação? E a sua
exalação? Será que o ato de respirar pode interferir diretamente na forma como
você está aqui e agora? Já percebeu como a sua respiração fica quando você está
ansioso, estressado, nervoso, com raiva, alegre ou com sono? Será que faria
sentido pensar que a forma como respiramos neste instante pode simplesmente
potencializar a forma como estamos? E que parar para respirar de forma
consciente pode ajudar na mudança do nosso estado atual?
O que é respirar? Por
que respirar conscientemente seria tão importante? O que isso teria a ver com autoconhecimento? Simplesmente parar para perceber a sua respiração? Quais
os benefícios possíveis nós podemos ter trazendo para nosso dia-a-dia a ideia
de respirar atentamente? O que o ato de respirar conscientemente pode ter a ver
com o controle da nossa saúde? O que circula em nosso corpo enquanto
respiramos? O que acontece quando não respiramos de forma correta?
Por que seria tão
importante ter a consciência de se observar no momento presente? O que isso
mudaria em você? O que isso teria a ver com suas atitudes e seus
comportamentos? Com suas escolhas? Com seu cuidado com o seu corpo e com o
mundo como parte de você? Será que tornar-me observador de mim mesmo teria o
poder de me transformar em algo que já sou, mas que não sabendo já ser, insisto
em buscar fora de mim?
Respirar vai além da absorção de oxigênio e liberação de gaz carbônico. A forma como você exerce esse ato de inalação e exalação do ar dita a sua saúde física, psicológica, espiritual. Passar a respirar com atenção é abastecer inteiramente o seu corpo de consciência, de bioenergia. E nosso corpo não se alimenta apenas do que entra pela boca. Nossa respiração é um grande combustível. E levar a nossa atenção para a forma como nos abastecemos é trazer consciência para o nosso corpo como um todo. É perceber-se atento ao aqui e agora. É melhorar a qualidade do seu fluxo vital. Porém, estar atento a si enquanto ser ativo, é uma constante que exige um trabalho árduo de disciplina. É bem mais fácil desistir e acomodar-se ao mecanicismo e ao automatismo de uma vida com pouco movimento, estática, estagnada, onde a ilusão de sermos eternos dependentes vai se moldando ao corpo e ao modo como ele age no mundo.